sexta-feira, 23 de março de 2012

Parece que já não vai haver TGV...

... mas com Pedro Passos Coelho nunca se sabe. Afinal, no início de 2009 (não foi assim há tanto tempo porque vem depois de 2008), o actual primeiro-ministro e então líder da oposição à presidente do seu partido, defendeu numa conferência organizada pelo Economist, em Lisboa, e na linha daquilo que era a posição do então chefe de Governo, José Sócrates, que Portugal devia, malabarismos à parte («deve ser agregado um cluster para a velocidade, criando a possibilidade de se fazer uma parte da produção em Portugal, transferindo tecnologia para o nosso país e gerando emprego»), construir a ligação do TGV entre Lisboa e o Caia. Às vezes pergunto-me se ele, Passos Coelho, tivesse sido candidato a primeiro-ministro em 2009, e tivesse ganho as eleições, não teria repetido a generalidade dos erros que Sócrates cometeu.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Greves

Era eu uma criança, poucos antes e mesmo já depois do 25 de Abril, contavam-me as minhas avós, uma vez por outra, o que eram as greves e as revoluções no tempo em que elas eram adolescentes ou jovens adultas. Uma tinha chegado a Lisboa vinda Galiza no início da década de 1920 e vira muita coisa ao balcão de uma taberna e de uma carvoaria na Ajuda. A outra, algarvia, viveu em Tavira até à década de 1950, e aquilo que sabia de greves e de revoluções das décadas de 1920 e 1930, para além de um ou outro episódio mais picante que podia presenciar - afinal Tavira era uma cidade com alguma "tropa" -, tinha como origem o que se passava em Lisboa e noutros pontos quentes (porque "industrializados") do país. E que greves eram estas? Eram episódios de grande violência, em que tiros eram trocados, bombas e petardos lançados, propriedade era atacada e destruída, em que a tropa (Exército e Marinha) saía para a rua, em que carris eram arrancados, comboios descarrilados, locomotivas sabotadas, grevistas, militares e polícias eram mortos ou ficavam muitas vezes seriamente feridos. Enfim, eram greves gerais que ambicionavam, para além de aliviarem a situação de miséria em que viviam as classes trabalhadoras, pôr o mundo de pernas para o ar.
Embora tenha sido contemporâneo de greves e manifestações de trabalhadores nos sete ou oito anos que antecederam o 25 de Abril, não dei naturalmente por nenhuma. Depois daquela data, sobretudo entre 1974 e 1985 ou 1986, observei muitas outras com alguma atenção, curiosidade e expectativa. No entanto, nenhuma delas, porque os tempos eram outros, se aproximou daquilo que as minhas avós me tinham contado. Ainda que seja verdade que durante todo o PREC  e mesmo depois, muitas movimentações de trabalhadores da indústria, das minas e da agricultura alentejana e ribatejana, e até de militares, tenham sido dignas de respeito, causadoras de medos ou de expectativas que se revelaram infundadas, a repressão abrandara e, sobretudo, os comunistas e a extrema esquerda não eram os anarco-sindicalistas de outros tempos.
Por tudo isto, portanto, só posso dizer que as greves gerais a que Portugal assistiu nos últimos trinta anos, para não dizer a todas as grandes paralisações que se fizeram desde de Abril de 1974, são para mim um enorme tédio. Mesmo que indiscutivelmente legítimas e até necessárias, servem essencialmente para ocupar jornalistas e excitar personagens mais ou menos obscuras que, na rectaguarda de grevistas ou de governantes, pretendem transformar eventos banais em acontecimentos do domínio do transcendente.
E é nisto que estamos. Mas pode ser que mude. Afinal Portugal já esteve mais longe de regressar àqueles mais de 30 anos de chumbo que se viveram entre nós e por toda a Europa depois de iniciada a Primeira Guerra Mundial.

domingo, 11 de março de 2012

"Profeta Desarmado"

Excelente esta entrevista dada por José Medeiros Ferreira à SIC Notícias. Analítico na narrativa e nos juízos. Só faltaram 10 a 15 minutos sobre o percurso como professor universitário e historiador atento à política internacional e ao papel político dos militares no século XX português.

sábado, 10 de março de 2012

Jean Giraud (8 de Maio de 1938 - 10 de Março de 2012)

Morreu Jean Giraud, o criador do meu herói favorito de banda desenhada, o tenente Mike "Blueberry". Sempre que posso releio os álbuns e, claro, vou comprando as "últimas" traduções. Blueberry continuará. Mas não é nem será a mesma coisa. Nisto tudo angustia-me um bocado que o meu filho mais velho desdenhe as aventuras deste tenente da cavalaria norte-americana.É claro que pode mudar de opinião ou que o mais novo, tal como o pai, se apaixone pelo Far-West pensado e desenhado por Giraud.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O Costume

Sobre Sócrates, Cavaco Silva disse/testemunhou o óbvio (como toda a gente sabe) e fez muito bem. Mas logo um coro de protestos protagonizado por virgens várias tem vindo a terreiro rasgar as vestes. O costume. Afinal é muito difícil encontrar alguém que valorize realmente a liberdade de expressão.